Nascimento: 1922
Morte: 2006
Nasceu em Ingazeiras (Vale do Cariri), Ceará; Brasil.
A sua vasta obra, importantíssima para o panorama das artes plásticas no Brasil, pela qualidade técnica e por interpretar o “ser” brasileiro, carrega a marca da paisagem e do homem do nordeste. O talento do artista se mostrou desde os tempos de colégio, em que foi escolhido como orientador artístico da classe. Aldemir Martins serviu ao exército de 1941 a 1945, sempre desenvolvendo sua obra nas horas livres.
Chegou até mesmo à curiosa patente de Cabo Pintor. Nesse tempo, frequentou e estimulou o meio artístico no Ceará, chegando a participar da criação do Grupo ARTYS e da SCAP – Sociedade Cearense de Artistas Plásticos, junto com outros pintores, como Mário Barata, Antonio Bandeira e João Siqueira. Em 1945, mudou-se para o Rio de Janeiro e, em 1946, para São Paulo.
De espírito inquieto, o gosto pela experiência de viajar e conhecer outras paragens é marca do pintor, apaixonado que é pelo interior do Brasil. Em 1960/61, Aldemir Martins morou em Roma, para logo retornar ao Brasil definitivamente. O artista participou de diversas exposições, no país e no exterior, revelando produção artística intensa e fecunda. Sua técnica passeia por várias formas de expressão, compreendendo a pintura, gravura, desenho, cerâmica e escultura em diferentes suportes.
Aldemir Martins não recusa a inovação e não limita sua obra, surpreendendo pela constante experimentação: o artista trabalhou com os mais diferentes tipos de superfície, de pequenas madeiras para caixas de charuto, papéis de carta, cartões, telas de linho, de juta e tecidos variados - algumas vezes sem preparação da base de tela - até fôrmas de pizza, sem contudo perder o forte registro que faz reconhecer a sua obra ao primeiro contato do olhar.
Seus traços fortes e tons vibrantes imprimem vitalidade e força tais à sua produção que a fazem inconfundível e, mais do que isso, significativa para um povo que se percebe em suas pinturas e desenhos, sempre de forma a reelaborar suas representações. Aldemir Martins pode ser definido como um artista brasileiro por excelência. A natureza e a gente do Brasil são seus temas mais presentes, pintados e compreendidos através da intuição e da memória afetiva.
Nos desenhos de cangaceiros, nos seus peixes, galos, cavalos, nas paisagens, frutas e até na sua série de gatos, transparece uma brasilidade sem culpa que extrapola o eixo temático e alcança as cores, as luzes, os traços e telas de uma cultura. Por isso mesmo, Aldemir é sem dúvida um dos artistas mais conhecidos e mais próximos do seu povo, transitando entre o meio artístico e o leigo e quebrando barreiras que não podem mesmo limitar um artista que é a própria expressão de uma coletividade. Foi o primeiro artista brasileiro a ganhar um prêmio na Bienal de Veneza.
Participou de diversas exposições no país e no exterior tendo como destaques:
1951 – Prêmio de desenho na Bienal de São Paulo, com “O Cangaceiro”. 1953 – Pintores Brasileiros, Tóquio, Japão.
1954 – Gravuras Brasileira, Genebra, Suíça. 1955 – Bienal Internacional de Desenho e Gravura de Lugano, Suíça.
1956 – Medalha de Ouro no V Salão Nacional de Arte Moderna no Rio de Janeiro. - XXVIII Bienal de Veneza, Itália – Prêmio “Presidente Dei Consigli dei Ministeri”, atribuído ao melhor desenhista internacional.
1957 – Exposição de gravuras no “Circolo dei Principi”, Roma, Itália, com Lívio Abramo. - VI Salão de Arte Moderna, Rio de Janeiro.
1958 – Festival Internacional de Arte, Festival Galleries, Nova Iorque, Estados Unidos. - VIII Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro.
1959 – Prêmio de viagem ao Exterior do VIII Salão de Arte Moderna do Rio de Janeiro. - Exposição individual no Museu de Arte Moderna da Bahia.
1960 – Exposição coletiva Artistas Brasileiros e Americanos, Museu de Arte de São Paulo. 1961 – Exposição de desenhos e litografias na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, Portugal.
1962 – Exposição individual na Sala Nebili, Madri, Espanha. - Exposição coletiva “Brasilianische Kunstler der Gegenwart”, Kassel, Alemanha.
1965 – Exposição individual no Instituto de Arte Contemporânea, Lima, Peru. 1968 – Primeiro prêmio por grafia na Bienal Internacional de Veneza de 1946 a 1966.
1970 – Panorama da Arte Atual Brasileira – Pintura 70, Museu de Arte Moderna de São Paulo.
1975 - XIII Bienal de São Paulo – Sala Brasileira. 1978 - Retrospectiva 19 pintores, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
1980 – Exposição circulante, coletiva, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. - Coletiva 48 artistas, na Pinacoteca do Estado, São Paulo.
1981 – Exposição de pinturas, desenhos e esculturas no Museu de Arte da Bahia.
1982 – Internacional Arte Expo, Estocolmo, Suécia. 1984 – Coletiva – A Cor e o Desenho no Brasil, Museu de Arte Moderna de São Paulo. - Individual de pintura, desenho e gravura – Arte Amazônica, Nova Iorque, Estados Unidos. - Tradição e Ruptura – Fundação Bienal de São Paulo. 1985 – Lançamento do livro “Aldemir Martins, Linha, Cor e Forma”.
1988 – Comemoração de 30 anos da SCAP – Sociedade Cearense de Artistas Plásticos - Fortaleza, Ceará. - Os Muros de Maison Vogue, MASP – Museu de Arte de São Paulo
1989 – O Nordeste de Aldemir Martins, Espace Latin-American, Paris, França.
2005 - Sete décadas de Sucessos Artísticos – 1945-2005 - O MASP inaugura exposição retrospectiva de Aldemir Martins e promove o lançamento do livro do grande pintor e gravador brasileiro, conhecido pelos seus temas do nordeste, animais e mulheres. A retrospectiva de um dos maiores artistas brasileiros vivos é uma homenagem do Masp ao talento de Aldemir Martins, que em sete décadas de atividades contínuas, mostra ser o maior representante da vitalidade do Homem nordestino. Faleceu em 05 de Fevereiro de 2006, aos 83 anos, no Hospital São Luís em São Paulo.