IBERÊ CAMARGO
(1914 - 1994)
Nasceu em Rio Grande do Sul; Brasil.
Expressionista, expressionista abstrato. O pai o queria doutor, mas Iberê Bassani de Camargo, Restinga Seca, Rio Grande do Sul, enveredou por outros caminhos. Aos quatro anos sentava-se no chão, embaixo da mesa, e passava horas desenhando.
Iberê Camargo começou a estudar pintura na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria, por volta de 1927. Seus professores foram Frederico Lobe e Salvador Parlagrecco, ambos acadêmicos.
Oito anos depois, em 1936, mudou-se para Porto Alegre, onde começou a trabalhar na Secretaria de Obras Públicas, no departamento de saneamento e urbanismo. Em 1939 entrou para o curso técnico de Arquitetura, no Instituto de Belas Artes de Porto Alegre.
Já casado, voltou a pintar em 1940, utilizando sua esposa, Maria, como modelo. Seu interesse pela pintura foi aumentando e ele passou a desenhar pessoas comuns, empregadas domésticas, e às vezes modelos encontrados na “Sopa-do-pobre”.
Em 1942, quando mudou-se para o Rio de Janeiro, conheceu Cândido Portinari e não gostou de sua obra. Mesmo aconselhado por Portinari a não ingressar na Escola Nacional de Belas Artes, Camargo insistiu em matricular-se. Pouco tempo depois saiu de lá, irritado com as influências acadêmicas.
Nesta mesma época conheceu Guignard, que se tornou seu professor e mais tarde, em 1943, fundou o grupo Guignard. O grupo se reunia para ter aulas com seu mestre, e durou cerca de um ano, acabando quando Guignard foi para Belo Horizonte.
Iberê Camargo mesmo contrariado, não conseguiu desviar-se das influências de Portinari e Segall. Apesar de sempre ter mantido sua identidade, não se entregando a modismos, esta foi uma influência forte em sua pintura.
Até 1958 dedicou-se a retratar paisagens, a fazer retratos - claro que não muito ortodoxos-, mas seguindo a influência de gerações modernistas anteriores já trilhava caminhos próprios. A partir de 1958, já um pintor maduro, passa a dedicar-se a um expressionismo muito individual, carregado de sentimentos dolorosos, como se a figura representada fosse um raio-x das emoções contidas em seu personagem. É desta época a famosa série Carretéis, os quais ele representou das mais variadas formas. Sobre ela, Camargo falou: “Símbolo, signo, personagem – o carretel - da minha infância e agora, nesta fase tema da minha obra, ele está impregnado dos conteúdos do meu mundo”. Teve ainda como tema recorrente bicicletas e ciclistas.
Em viagens para Itália e França, estudou com grandes nomes. Em Roma, estudou com Giorgio de Chirico, Carlos Alberto Petrucci, Antônio Achille e Leone Augusto Rosa, e em Paris, pintura com André Lothe.
Das técnicas que utilizou em sua obra destacam-se as camadas de tinta densas, trabalhadas cuidadosamente com a espátula, o que deu um caráter mais expressionista às suas obras. No entanto, Iberê Camargo era autor de um expressionismo livre de religiosidade e imaginação. Ele baseava-se no real, para então distorcê-lo. Em suas obras, preocupação social e equilíbrio entre emoção e racionalidade.
Nos anos 80 volta a representar a figura, mas agora em um contexto altamente dramático.
Iberê foi ainda professor, criador do curso de gravura no Instituto Nacional de Belas Artes, escreveu artigos e um livro - A gravura – sobre gravura em metal.
Iberê Camargo, o artista que se tornou conhecido por pintar emoções, e não apenas figuras, morreu em 9 de agosto de 1994, no Rio de Janeiro.
Entre os acontecimentos marcantes em sua carreira, destacam-se:
1943- Grupo Guignard
1951 - Bienal Internacional de São Paulo
1951 - Salão Nacional de Arte Moderna
1954 - Salão Preto e Branco
1966 - Bienal da Bahia
Cronologia:
1914 - Nasce em Restinga Seca, RS, Iberê Bassani de Camargo;
1928 - Faz seus primeiros estudos de pintura na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria;
1942- Exposição individual no palácio do governo do Estado do Rio Grande do Sul;
1943- Cria, juntamente com outros artistas, o grupo Guignard;
1945 – Participa do Salão de Arte Moderna do Rio de Janeiro;
1947 - É premiado com uma viagem ao exterior pelo Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro;
1948/49 – Estuda em Roma com De Chirico, Petrucci, Achile e Rosa;
1951- Participa da I Bienal de Arte Moderna de São Paulo;
1953- Funda o curso de gravura em metal no então Instituto Municipal de Belas Artes, hoje Escola de Artes Visuais;
1954 – Participa do Salão Preto e Branco, em manifesto aos altos preços das tintas importadas e a má qualidade das tintas nacionais;
1964- Publica o “Tratado sobre gravura em metal”;
1966- Pinta o painel de 49 metros quadrados oferecido pelo Brasil à OMC – Organização Mundial da Saúde;
1982- Acontece a mostra “Homenagem a Iberê Camargo”, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul;
1982- Lança o livro técnico “A Gravura”, sobre gravura em metal;
1994- Última mostra em sua homenagem, no Espaço Cultura FIAT, em São Paulo. Falece no dia 09 de agosto deste ano.