Experiências estéticas a pessoas cegas diante de obras de arte.

Experiências estéticas a pessoas cegas diante de obras de arte.

Pesquisa da USP aponta possibilidades de criação e experimentação de deficientes visuais em exposições artísticas.

Foi a partir de experiências junto a pessoas com deficiência, instituições culturais e equipes educativas que a artista visual e fotógrafa Karen Montija, que também é educadora e especialista em acessibilidade cultural, desenvolveu sua pesquisa de mestrado intitulada Picasso Pinta Feio: Proposta de acessibilidade à experiência estética com a arte por meio da mediação com pessoas cegas e com baixa visão em espaços culturais.

O problema está em como proporcionar uma experiência estética a partir de uma obra que o visitante não consegue ver, ou seja, como fazer a obra de arte ser sentida. Para isso, a Paee propõe que sejam criadas novas formas de apresentar a obra. Ao invés de tentar fazer uma representação fiel da obra, são criadas possibilidades que exploram outros sentidos e perspectivas, como um enfoque histórico ou nas cores, por exemplo.

Para melhor exemplificar a proposta de sua pesquisa, Karen propõe que imaginemos uma foto de “um pé sobre um navio”. Um visitante da galeria poderá ouvir a descrição da foto, ou até mesmo, em alguns casos, ter uma representação que possibilite o toque por meio de uma prancha tátil, em alto relevo, que represente a imagem. Para a pesquisadora, o método por si só não é o suficiente.

A pesquisa de Karen é motivada por algumas experiências pessoais. Uma delas, sobretudo, da relação com seu pai, Claudio Montija, que gradativamente foi perdendo a visão em decorrência da catarata, assim como pela sua atuação profissional em espaços culturais e em sala de aula.

Para Karen, é importante que o trabalho realizado durante o seu mestrado não se restrinja a debates direcionados ao ambiente acadêmico. “O que me motivou a fazê-la [a dissertação] foi porque ela é o relato de um trabalho prático que foi realizado, que ainda acontece (…) O que eu quero dizer, é que ela não fica só no mundo da teoria, ela acontece na prática, é da prática que a gente tira nossas conclusões”, reflete e avalia a educadora.

fonte: gov.br