Conheça a restauradora da 'Última Ceia' de Leonardo da Vinci.

Conheça a restauradora da 'Última Ceia' de Leonardo da Vinci.

Uma das maiores autoridades mundiais na conservação de afrescos renascentistas, a Italiana Pinin Brambilla, teve a seguinte reação ao ver "A ÚLTIMA CEIA":

"O estado da obra, quando a vi pela primeira vez, era inacreditável. Não dava para ver a pintura original, estava toda coberta de gesso e mais pintura. Tinha cinco ou seis camadas por cima. Tive que me perguntar se era um Leonardo ou não, porque estava completamente irreconhecível."

Ela aceitou o desafio da restauração em 1977, outros já haviam tentado, porém sem sucesso.

Devido ao seu conhecido perfeccionismo, Da Vinci dispensou a técnica tradicional do afresco, na qual o artista aplica a pintura sobre uma camada de argamassa de cal ainda úmida.

Essa metodologia faz com que o pigmento se fixe à parede, mas requer trabalhar rápido para finalizar as pinceladas antes que a parede seque.

Para evitar a correria e poder dedicar tempo a cada detalhe, Da Vinci decidiu aplicar uma técnica experimental que consistia em pintar com têmpera ou óleo sobre uma superfície de gesso já seca.

Isso fez com que os pigmentos não aderissem de forma permanente à parede. E com o tempo — que a princípio parecia estar a favor do artista — a imagem começou a descamar.

Depois de inicialmente vedar a sala para impedir a entrada de mais poeira e sujeira, e erguer enormes andaimes em frente ao afresco, a restauradora e um pequeno grupo de assistentes fizeram pequenos orifícios na parede para inserir pequenas câmeras e determinar quantas camadas de pintura cobriam a obra original.

Finalizar cada seção levava meses, anos. Uma série de interrupções também afetaram a continuidade do trabalho — desde dificuldades técnicas e burocráticas até visitas de dignitários estrangeiros e membros da realeza europeia.

Até que finalmente em 1999, depois de pouco mais de duas décadas, quando já estava com mais de 70 anos, Brambilla considerou a missão cumprida.

fonte: bbc.com